Aprocheguem-se !

Risonoprato foi uma idéia de tentar achar coincidências entre o sabor das comidas e componentes da personalidade de quem gosta ou desgosta delas e também do “ser” que está sendo saboreado. Quais as suas preferências?

Risoto de camarão

1kg de tomates sem pele e sem sementes
1 copo de vinho branco seco
200g de arroz
300g de camarão miúdo limpo
2 colheres de sopa de azeite de oliva
2 cravos-da-índia
1 cenoura picada
1 cebola picada
sal e salsinha a gosto

Refogar a cebola e o camarão no azeite. Juntar os tomates passados no liquidificador, a cenoura, o sal e os cravos-da-índia. Cozinhar por 10 minutos. Pôr o vinho e cozinhar em fogo brando por maus 10 minutos. Se houver necessidade, acrescentar mais água. Quando o arroz estiver no ponto, desligaro o fogo e deixar repousar por alguns minutos. Salpicar salsinha picada e servir.

Receita e imagem obtidas de: http://www.receitasdecomidas.com.br/risoto-com-camarao.html

Este é meu primeiro post. Tentarei colocar pelo menos um a cada duas semanas. Vejamos como isso evolui. Façam comentários!

Decidi iniciar nossa primeira sessão de análise palativa virtual com um prato ao qual sou alérgico. Tudo bem, não pensem que que se trata de auto-análise pública, me parece apenas um desafio a certas resistências.

O risoto parece ser um prato universalmente aceito. Por acaso você conhece alguém que não goste de risoto? De forma interessante, meus amigos que mais gostam de risoto são aqueles que fazem questão de ser universalmente aceitos (eu, inclusive). Gente que gosta de agradar, de ser educado, de ser comunicativo… gente até capaz de firmar compromissos que não podem cumprir somente para ter um momento curto de aprovação. Outro amigo meu me disse que o risoto é uma comida que agrega. Achei feliz comentário: pessoas juntas junto de grãos juntos. Uma rasgação de seda generalizada misturada com um quêzinho de vaidade e sadismo.

Mas passemos para o nosso protagonista. O camarão é um crustáceo (do latim crusta = carapaça dura) muito conhecido, pertencente às famílias dos peneídeos (marinhos) e palemonídeos (água doce). Caracteriza-se pelas suas longas patas e pelo abdome não-dobrado por baixo da carapaça. Menores que as lagostas, os camarões comuns atingem de 20 cm de comprimento, mas a maioria das espécies é de tamanho reduzido e algumas possuem dimensão microscópica. Ou seja, um ser com carapaça, que vive escondendo, comendo lixo, não come ninguém e é comido por todo mundo não pode ser amigável (por favor, descontem aqui a parcela de agressividade oriunda da alergia). Aliás, agressividade me parece uma boa palavra para se atribuir ao nosso bichinho. Geralmente, quem não tem alergia ao camarão gosta do seu sabor, mas o que me chama a atenção são aqueles loucos, fissurados por camarão. Para chegar à polpa carnosa do crustáceo há que se morder a carapaça, separar as casquinhas e apreciar o sabor forte de um pedacinho miúdo.

risoto entremeado com camarões e um galho de alecrim

Para digerir tamanha quantidade protéica há de se produzir muito suco gástrico diminuindo o pH do estômago podendo causar irritações gástricas se consumido em grande quantidade. Mas me parece que o mais prazeroso de comer camarões é a possibilidade de degustar fartamente uma pequenina porção de alimento que seria insignificante se se comesse apenas um exemplar. Ou seja, assim como eles vivem em bandos, também aparecem em bandos no seu prato e também assim são degustados: morrendo de medo. Não associo isso a nenhuma linha budista, mas acho que podemos sentir as reações contra-fóbicas deste animal. Como vivem em bando, além de diminuírem seu risco individual, ao comer um deles, o predador pode não se atrever a comer outro se se sentir mal devido a alguma formação protéica presente em seu corpinho apavorado.

Para apaziguar nossos corações, temos um galhinho de alecrim. Um toque charmoso mas que não agrada a qualquer um. Tem um cheiro tinhoso, forte e predominante, assim como o sabor. Definitivamente não é para qualquer paladar. Imagino que agradaria mais as personalidades seguras de si, firmes de opinião e… quem sabe, sedutoras. Contudo, casa bem com o camarão e o mar de arroz arbóreo coadjuvante.

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